28 de outubro de 2015

Fêmeas - Transmissão de genes

Há criadores de canários “Rollers”  que não entendem a importância das fêmeas, portadoras com frequência, de um grande potencial de qualidade. Como a fêmea não expressa o canto, não é evidente para o criador ou comprador se esta herdou qualidades ou defeitos. Muitos criadores de “Rollers” compram machos excelentes para acasalar com as suas fêmeas apenas para descobrir que os filhos não são de qualidade. Depois dizem: “As minhas fêmeas não ligaram com os machos”, a pensar que as fêmeas que tem  não servem para tirarem magníficos cantores. Os criadores, decepcionados desta maneira, vendem toda a descendência sem primeiro comprovar que as fêmeas podem ter um grande potencial para produzir machos extraordinários. A fêmea, que possui os cromossomas X e Y, que determinam o sexo das crias e que passa um destes a cada pássaro, de tal maneira que passa às suas filhas o cromossoma Y e aos seus filhos o  cromossoma X. Ao passar o cromossoma X aos  machos pode passar-lhes, ao mesmo tempo, as características do canto de seu pai . Ora bem, o pai poderá ser medíocre ou ela poderá ter herdado uma fraca qualidade no canto através dos genes complexos do cromossoma do pai. Neste caso seria de pouco valor, excepto se lhe metermos algum macho de uma linha muito definida e muito correcta. Devemos entender que o necessário para tirar machos excepcionais é refrescar metendo uma boa linha de sangue. Nem todos os cruzamentos com outro sangue dará bons machos, no entanto, as fêmeas que descendem de bons pais costumam ser excelentes portadoras de qualidade, mesmo que os seus irmãos sejam de má qualidade. Muitos criadores não dão oportunidade às sua fêmeas para o provar. Quando dão filhos maus não é indicativo que tenham pouco potencial ou sejam elas a causa dessa situação. Todos os rollers, tanto machos como fêmeas, podem transportar a boa ou má semente. Por exemplo, numa ninhada de quatro irmãos pode haver um ou dois pássaros excepcionais e os outros dois serem  medíocres, ou mesmo maus. Também a genética pode dar um passo atrás e jogar um papel importante na criação de todos os animais, assim grandes espécies podem produzir filhos débeis. Mas não devemos esquecer que as fêmeas transmitem o cromossoma X de seu pai, e deveriam ser as portadoras da sua boa ou má qualidade de canto. Se o pai é excepcional, suas filhas devem ser indicadas para a criação, mesmo que seus irmãos sejam fracos de canto. Eu  nunca selecciono as fêmeas pelo canto dos seus irmãos, mas sim pelo do seu pai. Conheço muitos criadores experientes, também chamados de maestros, que porque no  refresco de sangue não saíram resultados imediatos, falo da 1ª geração (F1), não ficaram com nenhum pássaro para criar, nem macho nem fêmea. Como diz o velho ditado,, “Roma e Pavia não se fizeram num só dia”. As boas estirpes de canto roller não se fizeram com o trabalho de uma temporada. Os criadores experientes tem planos e objectivos que lhes levam o trabalho de várias gerações. Existe uma procura constante de refrescar sangue em todos os aviários sem ter em conta importantes aspectos negativos, já  que o refresco continuo, ao igual da endogamia, se não for em momentos muito concretos, nos levará  a uma degeneração tanto do fenótipo como no vigor do tom e o canto. O criador tem que ter duas ou mais linhas no seu aviário e ir seleccionando as duas de sangue com paciência até descobrir a melhor direcção ou linha que sobre a qual se deve concentrar e assim continuar até que necessite apoiar-se noutro sangue de novo. Certos pássaros que transmitem, tanto machos como fêmeas, apareceram em cena e uma vez que se encontrem devem  utilizar-se a fundo para a criação. Ainda que a fêmea é a que tem a chave para produzir excelentes cantores e é a que tem o potencial para os seus  descendentes masculinos, existem certos machos dominantes que dão bons filhos com quase qualquer fêmea. Uma vez que um criador tenha um pássaro nestas condições deve utilizá-lo para concentrar nele a linha da sua criação, e suas filhas também devem de estar predispostas para tirar grandes descendentes. Já que a fêmea é a grande desconhecida e que  deve ser posta à experiência várias vezes. Não é justo avaliar os resultados apenas por uma  temporada. Um criador experiente colocará uma fêmea com vários machos e encontrará que certas famílias de fêmeas  dão-se bem com outras famílias de machos. Também não podemos ter a certeza de que os resultados de acasalamentos repetidos produzirão sempre o mesmo, já que a maioria de nossos pássaros são algo heterozigotos e  contém muitos factores genéticos desconhecidos, assim alguns casais podem produzir um descendente excepcional e repetindo não voltamos a conseguir nenhum inclusive noutras temporadas. Dizemos, talvez exagerando um pouquinho, que os timbrados excepcionais aparece um em mil e tirando um por temporada já é muito bom, o qual deve ser o pássaro sobre onde se deve centrar a criação e que nos devemos sentir recompensados por isso, a este exemplar se lhe devem meter várias fêmeas e suas filhas devem-se conservar todas para criar numa ou outra criação. Joseph Denier de Chicago, a quem eu considero um dos melhores criadores de “Roller” deste século sempre dizia: “Eu somente avalio a fêmea pelo pai , mas tem que ser testado mais que uma vez, em distintos anos e com mais de um macho”. Sou a favor que o criador que com paciência e habilidade confie no potencial das suas fêmeas em vez de se orientar apenas pelo canto dos machos. A fêmea, até  que não se prove, é um  mistério. Espera-se  que os grandes criadores conheçam o potencial das suas fêmeas, mas isto não significa que cada fêmea seja segura, também pode acontecer o contrário, haja fêmeas que nunca produziram qualidade. Se seus pais forem maus, o mais provável é que transmitam estes defeitos às suas gerações futuras e isto pode acontecer a qualquer um que fique com alguma fêmea que degenerou nas mãos de outro criador e não saiba. Vou citar um exemplo de duas linhagens que ouvi no concurso de Seattle em  Dezembro de 1974. Uma equipa cantou com um profundíssimo tom e com volume mas cortavam os notas, não expandiam o canto e isso  piorou o seu efeito no geral. Outra equipa expandia todas as notas, especialmente os “rulos”, isto era muito notório, se aplicavam tanto com as notas largas o que resultava tremendamente monótono. O cruzamento destas duas linhas  poderia produzir una feliz combinação na primeira descendência ou na segunda ou terceira geração. Só o tempo, a paciência e o trabalho dariam, talvez, bons resultados. O certo é  que se estas duas linhas  as continuasses trabalhando no seu estado já inato se agravariam suas degenerações ou defeitos. Se cruzares com outra linha para tirares F1 e te sai algum descendente masculino excepcional, terás sorte, si não, deverás conservar as fêmeas. Portarão com toda a segurança as qualidades do pai, herdando o seu cromossoma X e devem produzir cantores comparados a este. Recorda, a produção de bons “Rollers” é um processo de selecção e planeamento. A seleção da fêmea, maravilhosamente misteriosa, deve ser o mais importante. Generalizando, ela é o factor dominante ma produção dos melhores pássaros, enquanto que o macho, a menos que ele seja dominante, é o responsável de produzir excelentes mães. Nunca seleccione as fêmeas pelos seus irmãos porque a sua herança é, ou pode ser, absolutamente diferente. Lembre-se, as filhas de pais com uma dicção muito clara e  limpa serão as melhores companheiras para machos extremamente profundos com tendência a qualquer giro nasal. Quando um não obtém os resultados desejados, tem que ficar-se sempre com as suas  próprias fêmeas sempre que sejam filhas de machos excepcionais mas se houver muita  degeneração na criação há que começar de novo. O facto de que em certa ocasião um pouco de consanguinidade seja bom não significa que se possa continuar indefinidamente criando sem necessidade de refrescar, absolutamente o contrario, se a criação durou demasiados anos sem meter sangue novo, pode-se ter chegado a degenerar tanto que nos encontremos num ponto sem retorno. Então já será demasiado tarde e qualquer esforço para tirar pássaros de qualidade resultará inútil. Haverá seguramente machos e fêmeas dominantes na estirpe de cada criador, e quando apareçam devem-se utilizar sabiamente para fazer uma linha baseada no seu sangue. Tenho pessoalmente três fêmeas cujo sangue será encontrada em pelo menos 75% dos meus canários, e inclusive quando introduzo sangue novo misturo-as para continuar com esta línea. O criador que se preocupa tem que estudar o pedigree das suas fêmeas misteriosas de modo que não elimine do seu programa as fêmeas com um grande potencial. Também muitos vendem equivocadamente as melhores, pensando que não tem nenhum valor apenas porque os seus irmãos não saíram bons. É uma lástima o número de fêmeas que se perdem devido à  ignorância dos criadores, tanto principiantes como experientes. Estude os ascendentes, especialmente o canto do pai, e usá-lo num  programa de criação detalhado. Se depois de várias tentativas ou vários planeamentos não se conseguirem filhos de qualidade é provável que seja devido a ela mesma. Porém, se leva boa genética o mais provável é que tire excelentes machos e filhas dignas de usarem na criação. A sua cor, o seu tamanho e sua chamada não são importantes, ainda que pais com bom tamanho e fenotipo possam ser um activo importante na qualidade do físico e da pena.

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